Monstro Ou Mulher? Representações De Gênero E A Construção Narrativa Do Caso Richthofen

Autores

  • Carine Strasburg Amarante
  • Bruno César Santos

Palavras-chave:

Suzane Von Richthofen; Narrativas criminalísticas; True Crime; Representações de gênero.

Resumo

O presente artigo investiga como a mídia e as produções culturais utilizam estereótipos de 
gênero para moldar a percepção de figuras femininas em narrativas criminais, com ênfase no caso de 
Suzane Von Richthofen. Por meio de conceitos teóricos como "monstro moral" (Foucault, 2001), fait 
divers (Barthes, 1977), e "culto à invalidez" (Dijkstra, 1989), o estudo demonstra como a dualidade 
feminina – representada pelas figuras da femme fragile e da femme fatale – é explorada para criar 
narrativas que simplificam a complexidade das mulheres, ora idealizadas como vítimas frágeis, ora 
demonizadas como manipuladoras. O caso Richthofen, um dos crimes mais emblemáticos no Brasil, 
exemplifica o fascínio midiático pela transgressão de papéis sociais, transformando Suzane em um 
símbolo de ruptura ética e moral. Os filmes A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus 
Pais (2021) reforçam essa dicotomia ao apresentar duas versões narrativas opostas, consolidando o 
estigma de que uma figura feminina não pode incorporar simultaneamente características de fragilidade 
e manipulação. O artigo adota uma metodologia que combina revisão bibliográfica e análise de 
conteúdo, investigando como a mídia perpetua arquétipos femininos e amplifica a "monstrificação" de 
mulheres criminosas. Além disso, discute o papel do entretenimento baseado em crimes reais (true 
crime) na consolidação de narrativas sensacionalistas que despertam fascínio e repulsa. Ao final, o 
estudo ressalta a importância de desconstruir essas representações reducionistas, promovendo 
narrativas que reconheçam a pluralidade da experiência f eminina e combatam desigualdades 
estruturais.

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Publicado

31/10/2025