“Offline por excesso de online?”: plataformização, atenção e automação na hipótese da “internet morta”

Autores

  • Guilherme Miyagi de Souza
  • Bruno César Santos

Palavras-chave:

internet morta; plataformização; economia da atenção; automação algorítmica; vigilância digital.

Resumo

O artigo investiga a hipótese contemporânea da “internet morta” como resultado de um longo processo histórico-técnico que vai da origem estatal-militar da rede (ARPANET/NSFNET) à sua privatização, plataformização e automação algorítmica. Com metodologia qualitativa, de caráter exploratório e analítico-descritivo, sustenta-se que a combinação entre entrega da infraestrutura ao mercado, consolidação da economia da atenção e expansão de sistemas automatizados (bots, modelos de linguagem e conteúdo sintético) reconfigurou a produção, circulação e consumo de informação, comprimindo diversidade e descentralização. O texto mostra como a passagem da Web informacional para ecossistemas corporativos orientados por dados instituiu regimes de vigilância e predição, personalização opaca e loops de engajamento que favorecem fluxos automatizados, inclusive na fabricação e no consumo de conteúdo. Argumenta-se, ainda, que a “morte” não é do meio, mas da sua vitalidade pública: o que se observa é o enrijecimento de infraestruturas, protocolos de visibilidade e práticas de uso que restringem pluralidade e agência. Conclui-se pela necessidade de repolitização do ambiente digital — com transparência, auditabilidade, recomposição de bens públicos digitais e letramento algorítmico — para reabrir espaço à diversidade informacional e à participação significativa, enfrentando assimetrias estruturais que hoje sustentam a hipótese de uma internet menos viva.

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Publicado

03/12/2025