Desejo, comunicação e memória em um labirinto onde o questionamento do que é pessoa pode nos trazer indícios de como reencontrar o fio de Ariadne

Autores

  • Ana Paula Martins Gouveia

DOI:

https://doi.org/10.31657/rcp.v1i2.23

Resumo

Este artigo se propõe a refletir sobre aspectos da comunicação, do consumo (enquanto componente do desejo) e da memória, a partir da investigação do conceito de pessoa. Parece-nos fundamental tentar definir tal conceito para que se possa falar, com alguma propriedade, sobre quem é que se comunica, consome ou efetiva processos de memória. Para fazer tal reflexão, nos basearemos primordialmente na filosofia budista indo-tibetano. Dentro destes parâmetros, ainda tão pouco explorados dentro das pesquisas em comunicação, acreditamos que possa ser instigada uma maneira pouco comum de investigação relativa ao entendimento dos três aspectos mencionados (i.e., memória, consumo e comunicação), a qual pode vir a ser capaz de questionar a nossa visão sobre a realidade e, consequentemente, nos levar a uma possível transformação não só de perspectiva, mas dos próprios valores que atribuímos a nós mesmos e aos fenômenos.

 

Palavras-chave:  Pessoa. Realidade dos fenômenos. Consumo. Comunicação. Memória.

Biografia do Autor

  • Ana Paula Martins Gouveia

    Com apoio da FAPESP, este trabalho teve sua primeira versão pensada para uma apresentação oral durante o 2º Encontro Comunicon, na ESPM, realizado entre os dias 15 e 16 de outubro de 2012. Todavia, como era uma pesquisa que estava e continua a estar em desenvolvimento, resolvi desenvolver uma versão em formato de artigo para a revista Paulus.

    Ana Paula Martins Gouveia é pós-doutora em estudos filosóficos da comunicação pela USP, e em Estudos Budistas pela Universidade da Califórnia (Santa Barbara, EUA, 2012) e pela Sorbonne cole Pratique des Hautes tudes (Paris,  França, 2014). mestre e doutora em Ciências da Comunicação pela USP, com estágio de pesquisa na Universidade de Surrey Roehampton (Londres, Inglaterra). Morou por sete anos no mosteiro tibetano Khadro Ling no sul do Brasil, e vem se dedicando exclusivamente ao estudo e a prática do budismo desde 2002. Através de pesquisas, viagens e retiros ao redor do mundo, sempre em companhia de eruditos e mestres da linhagem do budismo tibetano, sua formação se dá tanto a nível teórico-investigativo quanto prático, como demanda a própria tradição filosófica budista. autora do livro Introdução à Filosofia Budista (Paulus, 2016), e tem diversos artigos e capítulos de livros publicados sobre este tema. Atualmente dedica-se também à tradução de textos filosóficos do tibetano para o português. 

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Publicado

24/08/2017

Como Citar

Desejo, comunicação e memória em um labirinto onde o questionamento do que é pessoa pode nos trazer indícios de como reencontrar o fio de Ariadne. (2017). PAULUS: Revista De Comunicação Da FAPCOM, 1(2), pág. 59-76. https://doi.org/10.31657/rcp.v1i2.23