Editorial
DOI:
https://doi.org/10.31657/rcp.v2i3.38Resumo
O número 3 da Revista Paulus nos convida a refletir sobre Comunicação: os desafios emergentes na América Latina, articulando as ciências da comunicação com outros saberes. Em seu dossiê, Comunicação e cultura: práticas sociais em debate, Mauro Wilton de Sousa apresenta uma crítica sobre as mediações sociais que têm despertado sentido e motivação crescentes à emergência e à consolidação do protagonismo no âmbito da comunicação social. O dossiê está centrado no cenário contemporâneo de reconhecimento do protagonismo crescente de atores individuais e coletivos conectados em redes audiovisuais. Para Mauro Wilton de Sousa, há uma certa necessidade do compartilhar de sua publicização e consequente atuação política através de inúmeras comunidades virtuais.
Vincenzo Susca, em O crepúsculo da democracia. Comunicracias, poder e transpolítica, reflete, na seção artigo internacional, sobre as redes digitais, as inovações e como os mundos de jogos, que caracterizam a socialidade contemporânea, levam à conclusão do processo fatal de separação do corpo do líder político para o corpo social, do poder instituído ao poder institucional. Nesse contexto, Susca debate sobre a concretização significativa do processo de adesão do público na vida coletiva.
Este terceiro número da Revista PAULUS compõe-se ainda de cinco artigos que tocam em questões distintas da Comunicação e da Cultura na América Latina. O primeiro deles de Lucia Leão e Juliana Caetano, Crowdsourcing e crowdmapping na cultura da participação: um estudo de caso do Ecocitizen World Map, traz uma proposta de cartografia das redes ao apresentar o estudo de caso do projeto Ecocitizen World Map, com foco na cidade de Medellín, na Colômbia, em diálogo com pesquisas em comunicação, cultura e desenvolvimento social na América Latina. Trata-se de uma plataforma colaborativa que agrega recursos de crowdsourcing e crowdmapping que atuam na construção coletiva de conhecimento baseada no envio de dados multimídia. Tais plataformas de crowdmapping têm sido utilizadas em projetos que buscam fomentar transformações socioculturais.
Já o artigo de Edson Mota dos Santos e Mauricio Nascimento Cruz Filho, Educomunicação e desenvolvimento social latino-americano: proposta da comunicação católica no Brasil, apresenta as bases latino-americanas da educomunicação, seus conceitos e como a educomunicação se estabeleceu a partir de práticas sociais já consagradas e que foram evoluindo desde os anos 1950 até a década de 2010 com a expressão academicamente consolidada. O artigo faz uma reflexão sobre o processo de construção social e colaborativa, mostrando que a Educomunicação também revela na sua trajetória os sinais do caminho civilizatório da América Latina e as marcas históricas do desenvolvimento social, político e religioso do continente.
Alexandre Barbosa em América Latina: solitária na indústria jornalística, presente na imprensa das classes populares, problematiza como a América Latina é solitária quando se refere aos critérios de noticiabilidade na imprensa hegemônica brasileira. Seu artigo discorre sobre como a América Latina pode se tornar uma categoria de seleção e construção de notícias para a imprensa das classes populares, trazendo como exemplo o Jornal dos Sem Terra, uma publicação mensal do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Já Jorge Miklos e Agnes de Sousa Arruda Rocco em Ecologia da comunicação: desafios para a concepção de uma comunicação social cidadã, faz uma reflexão sobre a interseção entre comunicação e cidadania na perspectiva integrada com as ecologias: profunda, integral, dos saberes e da comunicação. Seu artigo convida a pensar a ecologia da comunicação como um desafio e uma possibilidade de revigorar os vínculos humanos sociais e robustecer a cidadania. Por fim, o artigo de Suse Piza, Pensar desde a América Latina: em defesa das Epistemologias do Sul, problematiza a produção de conhecimento na América Latina nas áreas da Filosofia e das Ciências Humanas. Para Suse, faz-se necessário reconsiderar as bases epistemológicas que fundam nosso pensamento sobre o mundo, questionando os conceitos que formam a semântica pela qual temos pensado e pela qual nos compreendemos como pessoas, como sociedade e como intelectuais.
Vladimir Pinheiro Safatle, na entrevista A filosofia frente a relação entre mídia e política, faz uma análise sobre o papel desempenhado pelas mídias nos campos político, cultural, social e econômico. Vivemos em uma sociedade em que as mídias estão inseridas nos processos de constituição das relações sociais na contemporaneidade, de circulação de desejos e de organização dos modos de reprodução material da vida. Safatle discorre brevemente sobre sua trajetória acadêmica e cita a produção da Escola de Frankfurt para fundamentar sua crítica sobre a suposição de que presenciamos uma onda conservadora. Em sua fala, Safatle dialoga com as ideias de Michel Foucault e observa a função da Filosofia no mundo contemporâneo.
Duas obras de importância acadêmica para área das ciências da comunicação foram resenhadas: Mutações no espaço público contemporâneo de Mauro Wilton de Souza e Elizabeth Saad Corrêa (orgs.) e a obra Temas e dilemas do pós-digital de Lucia Santaella.
Por fim a Revista PAULUS traz a resenha da tese Theodor W. Adorno: Um crítico na era dourada do capitalismo de Amaro de Oliveira Fleck.
Desejamos a todos excelente leitura!
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